Não tenho pretensões de ser coerente no que escrevo. Bem sei que muitos vivem obcecados com a coerência e com o medo de serem apanhados em contradição. Eu não me importo. Dentro da coerência que tento seguir, sei perfeitamente a incoerência dos meus pensamentos e dos sentimentos que experimento. Não é relevante. Não sou nenhum pensador. Não sou nenhum intelectual. Vivo a vida como uma enorme experiência e como tal sei que a não contradição é impossível. E embora ache notável que se fique agarrado a um conjunto de princípios, também acho notável que se jogue rapidamente os princípios no caixote do lixo, ao sabor dos humores ou dos amuos. A volatilidade da vida encerra esse mistério. A busca incessante pelas respostas, gera ainda mais perguntas que curiosamente não nos deixam mais felizes ou contentes, logo não nos dão grande margem para a tal coerência que nos exigem. E o drama interior, se ganha proporções bíblicas, é criterioso na sua selecção. Conseguimos ultrapassar o que não conseguimos compreender? Certamente. Ainda hoje sei que as grandes perguntas da vida são aquelas que, por mais que leia e reflicta, nunca vejo respondidas, mas também sei que basta uma rabanada de vento para mudar o sentido de todas as respostas que entretanto encontrei.
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