Antes que o entusiasmo seja incontido, é bom que se diga que qualquer cumprimento da meta do défice para este ano (depois das suas mil e uma revisões) é apenas um artifício estatístico. Que se faz exclusivamente de duas coisas: aumento dos impostos e diminuição das despesas sociais. Quanto à despesa, ela mantém-se igual ao que sempre foi: um monstro completamente descontrolado. O que quer dizer que para o ano, ainda assim, as coisas não vão ser iguais. Vão com toda a certeza ser bem piores. Preparem-se.
Vestido com a habitual camisa branca e gravata de uma cor, o eng. (?) do nosso descontentamento lá veio com a sua habilidosa mensagem de Natal. Naturalmente, ele já não consegue convencer ninguém. Mas para mal dos nossos pecados ele insiste na tecla: não desiste nem se deixa abater pelas dificuldades, o que é um sinal claro de que se recusa abandonar o navio. O nosso destino está então indelevelmente associado a esta sua patética perseverança. Que em vez de nos levar a bom porto, arrasta-nos para o centro impiedoso desta enorme borrasca
A falta de memória será um dos problemas gritantes das novas gerações. Emaranhadas num ensino que não educa e muito menos prepara, a dificuldade em manter viva uma memória histórica será uma triste sina junto dos mais novos. Judt, um pensador de referência recentemente falecido, cujos livros deveriam ser obrigatórios em todas as escolas, universidades e casas, alertou para este perigo. Há um problema de base em quase todo o Ocidente e na nossa concepção social. O problema de pensar que a “história” terminou quando entramos no século XXI ou quando a “derrotamos” no final do século XX, com a queda do Muro e o desmantelamento da URSS. A realidade leva-nos agora a reconhecer que muitos, dos “outros”, estão neste século, a “viver” o século anterior e que a aparente vitória da democracia liberal não levou ao fim das nossas preocupações, nem ao fim das alternativas políticas e sociais. Não fazer nada, poderá assim levar a uma encruzilhada de proporções inimagináveis, uma vez que alegremente vamos impreparados para um futuro que não leva em consideração as agruras do passado, o que nos leva a cometer os erros de palmatória do presente. O que se constitui como um caminho perfeito para um desastre.
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