Terça-feira, 31 de Janeiro de 2012

 

As argoladas são tantas que poucas desculpas sobram. Num período de enorme sensibilidade, em que o povo se revolta facilmente perante os sacrifícios impostos pela necessidade, persistir neste tipo de artimanha não vale de muito. E quem procura a credibilidade não defende uma coisa para si e outra coisa diferente para os restantes. Ser governante, afinal, ainda devia ser um cargo de elevada dignidade e de enorme exemplaridade de conduta. Temo que, perdida pelas frequentes entrevistas de fundo aos jornais, a ministra acabe, depois de tanta agitação e promessa, perdida num labirinto ou como uma montanha a parir um rato. É que a situação como está já não se aguenta. É pedir muito?



publicado por Bruno Miguel Macedo às 17:48 | link do post | comentar | ver comentários (2)

 

Mantém-se no ar uma estranha coreografia que obriga algumas das principais figuras do Estado a desmentir notícias anónimas que, analisando friamente, não têm sequer fundamento. Não sei quando demos este passo rumo ao absurdo instalado e instituído, mas sei que este caminho só pode levar ao descrédito geral e ao alimentar de situações fora da alçada do controlo democrático e aos temíveis jogos de bastidores que todos dizem temer. Os que tanto criticam a classe política deviam então por a mão na consciência e analisar o seu contributo para este panorama geral e tentar perceber se esta politiquice mal amanhada, feita de interesses obscuros e engordada por invejas e desvarios, é conducente com a moral e transparência que dizem defender.



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Segunda-feira, 30 de Janeiro de 2012

 

Pulido Valente, durante as suas crónicas deste fim-de-semana, revelou primorosamente as razões que levam a suposta esquerda que este senhor representa, a ser uma insignificância sem qualquer valor ou futuro. Ele bem que se esforça, mas sem nada a que se agarrar que não seja uma triste miragem, resta-lhe manter no ar esta comédia romanticamente preparada para durar até ao seu esperado ocaso. O senhor, confirma-se na notícia, nem é meia nulidade. É mesmo nulidade completa. Que tristeza.



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A falta de notícias deve ser primorosa para acicatar ânimos e propósitos obscuros. Resume bem o modo como certo jornalismo é manipulado por interesses dúbios e estranhos ao normal funcionamento da democracia. Neste campo, Pacheco Pereira tem toda a razão. E ainda mais alguma. Mas é mais do que certo que o anonimato ganha importância acrescida numa sociedade mediatizada que abriga no seu seio não apenas bisontes megalómanos convencidos de superioridade como também insidiosos ignorantes com soluções de bolso para os males que povoam o mundo e os arredores. Aliás, basta ver as caixas de comentários de alguns jornais online (nem se percebe como permitem isto!) para se perceber o maravilhoso mundo criado pela educação, e a inveja, em Portugal. Não saímos da cepa torta. E a esta velocidade, só nos resta continuar a cair. Que seja de uma vez que isto já não se aguenta.



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Sexta-feira, 27 de Janeiro de 2012

Vale que a vida prossegue no seu ritmo (a)normal. Uns com mais dificuldade, outros com menos dificuldade, mas o objectivo de todos será igual: fazer do dia de hoje um dia melhor do que o de ontem, porque isso dá algum alento e traz alguma esperança. Não sei se me impondo esta auto-motivação, digna daquela literatura de autoajuda que abomino, me leva a algum lado, mas na imensurável solidão que sinto ao ver e ao ler só notícias más ou inúteis é, ironicamente, ao que me agarro. E sim: bola para a frente que amanhã o dia será melhor.



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Quinta-feira, 26 de Janeiro de 2012

Entretidos com as reformas do Presidente e com as suas pavorosas declarações, os portugueses utilizam a imaginação para fazer chegar a sua dose de indignação ao próprio PR. Facebook, flash mobs, peditórios, reuniões e mini-manifestações, tudo serve para dar asas à imaginação. Certamente, o PR não agradece, mas agradece quem tem de encher chouriço com coisas que não deviam merecer mais que um dia de atenção. Entretanto, se o indígena fosse capaz de utilizar a imaginação para criar e transformar o país, tal como usa essa mesma imaginação na sua capacidade protestativa e interventiva, talvez não andasse tão preocupado com a reforma do Dr. Cavaco, com as palavrinhas idiotas que proferiu (sim, uma manifesta falta de consideração) nem com a inutilidade aparente da sua função. A vida tem ser para a frente, que isto para trás e para os lados, e a viver mais preocupados com os vizinhos, não vai lá.



publicado por Bruno Miguel Macedo às 17:59 | link do post | comentar

 

O 5 de Outubro não faz qualquer diferença por razões históricas. O 1º de Dezembro também por razões melhores ainda. Mas se pelo meio, e absorvido com estas questões menores, o ministro também decidir eliminar o país, por mim tudo bem, desde que se despache e acabe com esta indefinição. Agradecia era que de uma vez por todas, e agora que vão acrescentar mais 28 horinhas de trabalho anuais que muito jeitinho vão dar para acabar com o défice excessivo, se termine com esta obsessão idiota com feriados, pontes, férias e afins e se comece a mostrar os resultados positivos desta austeridade imposta e autoimposta. Se não for pedir muito. Obrigado.



publicado por Bruno Miguel Macedo às 17:44 | link do post | comentar

 

Os livros são muito bons, mas eu sou suspeito porque ultimamente ando rendido aos policiais suecos. Agora vi o primeiro filme (Os Homens que Odeiam as Mulheres, no original The Girl with the Dragon Tattoo) da versão americana e achei-o delicioso e muito bem adaptado. E se ainda há personagens que valem todos os euros gastos, nos livros e, por agora, no cinema, Lisbeth Salander, interpretada por Rooney Mara, é uma delas. Stieg Larsson, escritor da série Millennium entretanto falecido, criou um prodígio livresco digno de figurar na história do policial mundial. Mas é Lisbeth, essa miúda revoltada, sofrida e embrenhada nos seus demónios, que a todos os níveis nos prende, nos fascina e nos hipnotiza. Simplesmente formidável.



publicado por Bruno Miguel Macedo às 12:00 | link do post | comentar

Quarta-feira, 25 de Janeiro de 2012

 

"Posso não concordar com o que dizes, mas luto para que o possas dizer." - Voltaire



publicado por Bruno Miguel Macedo às 12:45 | link do post | comentar

Terça-feira, 24 de Janeiro de 2012

 

Vendo esta política feita de negócios onde os interesses obscuros dominam e fazem escola. Estamos no caminho errado quando a troco de umas patacas continuamos a legitimar certos comportamentos, apenas para parecermos brandos, de bons costumes e muito certinhos no respeitinho perante os novos senhores. A real politik vale muito nos tempos actuais, mas certas coisas deviam ter um travão em nome da decência. A liberdade de opinião é essencial para que haja clima de verdadeira liberdade. Que alguns não percebam isso deveria ser problema apenas deles. Mas quando esses alguns são responsáveis por um suposto serviço público e não o aceitam, então a coisa passa a ser problema nosso.



publicado por Bruno Miguel Macedo às 12:09 | link do post | comentar

 

1- Marx julgava que o desenvolvimento industrial associado às sociedades modernas traria as condições necessárias para o crescimento de uma enorme classe de trabalhadores que, com consciência de classe, conduziriam as sociedades ao socialismo (primeiro) e ao comunismo (depois). Este postulado não se verificou porque o que se sucedeu foi a criação de uma enorme classe média que ajudou a solidificar as democracias europeias e a exportação do modelo teórico e da sua delineação prática. A classe média entretanto criada, era obviamente parte interessada na manutenção do seu estatuto e interesses.
2- Num outro prisma, costuma-se dizer que sem classe média (ou pequena e média burguesia, se preferirem) não há democracia que resista.
3- Nos tempos que correm, a principal ideia que temos é que haverá uma diminuição brutal da classe média, um fenómeno não apenas associado ao aumento do custo de vida e à consequente diminuição do poder de compra, como também associado ao aumento do desemprego, à perda do sentimento de posse/propriedade e à cada vez mais desigual distribuição da riqueza produzida.
4- Ora, a questão que se coloca aqui é tentar perceber qual é o futuro da democracia (no caso ocidental, de uma democracia baseada em pressupostos constitucionais liberais) e em que moldes poderá ela sobreviver, ou não, se porventura a classe média deixar de ser maioritária graças à conjuntura que vivemos.



publicado por Bruno Miguel Macedo às 11:57 | link do post | comentar

Sexta-feira, 20 de Janeiro de 2012

Uma atleta do Clube Karaté do Caniço, Sara Teixeira, foi convocada para representar Portugal no Campeonato da Europa de Cadetes no Azerbeijão. No entanto, a federação nacional da modalidade já veio avisar o clube (e todos os outros clubes que têm atletas convocados para o mesmo evento) que não tem dinheiro para pagar as deslocações dos atletas. A notícia passou ontem no telejornal da RTP/Madeira e é sintomática do estado a que se chegou e do mal que estamos a fazer aos nossos atletas. Então para representar a selecção do país são os clubes que têm de arcar com as despesas? Mas que Estado é este que nem garante um mínimo de dignidade aos atletas que nos representam? Que estado é este que trata a gente de valor assim? Mas o que é isto?



publicado por Bruno Miguel Macedo às 16:34 | link do post | comentar

Quinta-feira, 19 de Janeiro de 2012

 

A Europa unida fez renascer uma Alemanha poderosa, sinal de que o tempo cura tudo e sinal de que o tempo repõe a normalidade das coisas. Mas ir à Alemanha trocar umas ideias “informais” sobre alguns assuntos, não maximiza a viagem e muito menos lhe dá um ar de importância. Nas mãos de quem manda e dispõe, e que nos impõe tudo e mais alguma coisa, a nossa independência, enquanto nação, é uma graciosa falácia que não provoca um mínimo de estorvo, o que é razão suficiente para a nossa sublime insignificância. Podemos até ser recebidos, cumprimentados e ouvidos, mas nada disto melhora a imagem que temos e nada disto muda alguma coisa naquilo que há muito está decidido por eles, por aqueles que verdadeiramente mandam. Para isso, ainda falta muita dureza e muito caminho árduo. E isto, claro, se a dureza e o caminho árduo nos levarem lá. Porque entre atalhos e carreiros o difícil mesmo é descortinar se vamos no caminho certo.



publicado por Bruno Miguel Macedo às 17:14 | link do post | comentar

Deste acordo de concertação social, retenho uma modesta e simplista conclusão: ao pé do que aí vem, trabalhar mais meia hora por dia teria sido um aprazível privilégio e não uma desconsolada obrigação.



publicado por Bruno Miguel Macedo às 17:12 | link do post | comentar

 

Jorge Valdano, ex-jogador de futebol e cronista delicioso, costumava dizer que só havia dois tipos de jogador: os que correm e os que pensam. Ontem, a olhar para o clássico espanhol que opunha os dois maiores clubes do mundo, lembrei-me desta frase aparentemente simplória mas que, afinal, também é ridiculamente verdadeira. Porque ali no ecrã de televisão, era impossível não notar que havia os que corriam (os do Real Madrid) e que havia os que pensavam (os do Barcelona), dando então efectiva expressão prática à afirmação teórica do cronista e ex-jogador de futebol, Jorge Valdano. Só falta mesmo acrescentar à sentença de Valdano (uma possível lei absoluta para o mundo da bola), que no fim ganham quase sempre os segundos. Ou que no fim ganham quase sempre os que pensam. E sem espinhas.



publicado por Bruno Miguel Macedo às 11:23 | link do post | comentar

Quarta-feira, 18 de Janeiro de 2012

A crise tem-me obrigado a ser criativo e a procurar soluções que me permitam resolver os meus próprios problemas com acuidade. Mas confesso-vos que estou a gostar de assumir esta necessidade criativa onde noto, por exemplo, que os supermercados não são todos iguais, que é possível renegociar pacotes de televisão, de internet ou de telemóvel, que é também possível gastar menos em restaurantes, que é bom comprar a roupa apenas nos saldos e que adquirir um carro novo (ou uma casa) dificilmente é um bom investimento. Mais: noto em mim uma curiosa e nova predisposição para evitar certas compras feitas por impulso e a ser muito disciplinado nos meus consumos. Esta disciplina leva-me a sentir que evito alguns gastos desnecessários e que acabo por poupar algum dinheiro o que, por junto, me deve garantir, por agora, meio caminho andado para evitar chatices.



publicado por Bruno Miguel Macedo às 17:28 | link do post | comentar

Terça-feira, 17 de Janeiro de 2012

 

Parece que o parlamento europeu tem novo presidente. O senhor chama-se Martin Schulz, é alemão e membro do partido socialista europeu, e substitui o Sr. Jerzy Buzek, polaco e membro do partido popular europeu.



publicado por Bruno Miguel Macedo às 16:28 | link do post | comentar

 

Certas notícias talvez sejam escritas para não ferir susceptibilidades. Mas aquilo que aqui está não é bem aquilo que se passou. Eu não chamaria empurrão a uma evidente, e despropositada, agressão.



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Numa tentativa de campanha publicitária recente a Mercedes-Benz agarrou na “mítica” imagem de Che Guevara e colocou-lhe na boina, em substituição da célebre estrela vermelha, o seu símbolo. A coisa motivou protestos, nomeadamente da comunidade cubana exilada nos EUA que não achou piada à utilização da imagem de um conhecido psicopata numa campanha publicitária. A Mercedes entretanto recuou e pediu desculpa, mas a imagem da marca ficou naturalmente manchada por esta tentativa de chico-espertismo e pela falta de estética exibida na horrorosa campanha.

Quem sabe um pouco de história, sabe que o Sr. Guevara, para além de médico nas horas vagas e revolucionário nas restantes, não era propriamente um adepto feroz dos símbolos capitalistas e muito menos dos supostos luxos da burguesia, classe a que embora pertencesse, ele gostaria de ter varrido da face da terra utilizando métodos digamos que imaginativos. Para além do mais, o Sr. Guevara costumava eliminar, na sua gloriosa caminhada revolucionária, a gentinha incómoda, demonstrando que um empecilho que não concordasse, no plano teórico, com o ponto de vista da revolução tinha, no plano prático, uma solução muito rápida.

Só que a coisa merece ainda, e quanto a mim, outra atenção. Num mundo pejado de moralistas, certas coreografias mantém-se estranhamente no tempo assumindo-se como ícones de gente que, num limite, se pode apelidar de muito ignorante. E se toda a extrema-direita e os seus símbolos são hoje, e bem, fortemente combatidos e condenados, não se percebe então porque é que os símbolos de um comunismo agressivo, violento e de assassínio em massa sobrevivem nas ruas das cidades expostos ao vento e nas inestéticas t-shirts de adolescentes imberbes. E, já agora, e no que seria uma sublime ironia, quase nos próprios cartazes de uma conhecida marca de luxo.



publicado por Bruno Miguel Macedo às 12:38 | link do post | comentar

Segunda-feira, 16 de Janeiro de 2012

Aprendendo muito e relembrando igualmente muito. Gosto de livros de história escritos com esta simplicidade e com esta clareza.



publicado por Bruno Miguel Macedo às 17:43 | link do post | comentar

Publius Cornelius Tacitus
To ravage, to slaughter, to usurp under false titles, they call empire; and where they made a desert, they call it peace.
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