1- Queria fazer uma tentativa de piada com o “pide reformado”. Mas não consigo. A expressão é, toda ela, uma boa (ou má) piada.
2- Coligação acusada de “abusar” das funções do Estado. Pela pessoa que andou meses em campanha interna enquanto era presidente de câmara.
3- E Deus olhou para Jesus e disse-lhe: “Cairás em Moscovo e à terra regressarás”.
4- Um diz mil milhões. O outro grita três mil milhões. Brincar com o dinheiro dos impostos foi sempre muito fácil.
“Irmãos humanos, deixem-me contar-vos como foi que se passou. Não somos seus irmãos, replicarão os que me lêem, e não queremos saber. E é bem verdade que se trata de uma história sombria, mas também edificante, um verdadeiro conto moral, garanto-vos eu. Corre o risco de ser um tanto comprida, afinal de contas passaram-se muitas coisas, mas caso os leitores não estejam demasiado apressados, com um pouco de sorte o tempo há-de chegar. E depois isto diz-vos respeito: acabarão por ver bem que vos diz respeito. Não pensem que procuro convencer-vos seja do que for; bem vistas as coisas, as opiniões do leitor são da sua conta. Se me decidi escrever depois de todos estes anos, é para esclarecer as coisas para mim mesmo e não para os que me lêem. Durante muito tempo, cada um de nós rasteja nesta terra como uma lagarta, na expectativa da borboleta esplêndida e diáfana que traz em si. E depois o tempo passa, a ninfose não chega, ficamos larva, constatação aflitiva, que havemos de fazer com ela?”
Este livro, 900 páginas de belíssima, mas complexa e densa literatura, não se lê sem sentir um nó na garganta, um nó que aperta e arde, que nos deixa ansiosos, que nos deixa a pensar na besta em que o homem se torna quando os verdadeiros valores humanos se esvaem, como o sangue se esvai do corpo do fuzilado. É esta indiferença que marca, que torna tudo tão real e ao mesmo tempo tão irreal. É esta indiferença que nos mostra o perigo da nossa própria indiferença. E é esta indiferença, esta horrível e crua indiferença, que torna este romance na mais incrível descrição que li sobre o horror da guerra.
Pode uma borboleta bater as asas no Pacífico e provocar um terramoto no outro lado do mundo? Pode.
Churchill, do alto da sua espantosa tenacidade, soube sempre o que estava em causa na guerra contra os alemães. Ele viu primeiro que todos os outros e percebeu antes de todos os outros, e depois de vencer a guerra, o resultado da paz que nos esperava. Não era um homem qualquer. Incongruente, bruto, mal-educado e rezingão em muitos casos, mas também magnânimo, assertivo e visionário, Churchill foi o homem certo para um tempo certo, mas errado. Ao longo da sua difícil luta, muitas vezes isolado e sem grandes apoios, e mesmo quando muitos desejavam uma "paz podre" e que a Grã-Bretanha se vergasse ao poderio de Hitler, Churchill manteve bem viva a esperança de todo um povo. Não é portanto de estranhar a sua concepção de propaganda e o modo como utilizava a oratória para motivar os britânicos e estuporar os inimigos. Um belo dia, A. G. Talbot, o Capitão-de-mar-e-guerra responsável pela campanha naval contra os U-Boat nazis, atreveu-se a questionar Churchill sobre as estatísticas que este apresentava sobre o afundamento destas embarcações terríveis e que à época faziam do Atlântico um enorme cemitério. Churchill, perspicaz e corrosivo, respondeu-lhe: “Nesta guerra, Talbot, há dois tipos de pessoas que afundam submarinos. Você afunda-os no Atlântico. Eu afundo-os na Câmara dos Comuns. O problema é que você afunda-os a um ritmo que é metade do meu.”
De acordo com o Observador há já 17 candidatos (e candidatos a candidatos) à PR. Falta saber-se se Rio, Santana, Marcelo e Jardim também avançam e quem será o candidato do PCP, a apresentar depois das eleições de Outubro. Podemos chegar à módica quantia de 22 candidatos, quase tantos como os que disputam a nomeação do Partido Republicano.
Contudo, nenhum dos 17 nomes avançados entusiasma. Gosto de Henrique Neto (um senhor, embora isso não lhe seja suficiente para levar o meu voto), mas o resto oscila entre a irrelevância, o ridículo e um enorme bocejo sem remédio, com particular destaque para os “bem” posicionados Nóvoa (um horror emproado e sem fim) e Maria de Belém (recordada ainda este fim-de-semana por gostar de entrar muda e sair calada).
Com a procissão ainda no adro, e em plena campanha eleitoral de outro género e para outros voos, a confusão é tanta que já removeu, provavelmente, parte da assistência ainda interessada. Pena que assim seja. O que se joga entre Outubro e Janeiro, uma coincidência de calendário, é demasiado importante para o tempo que se perde com mediatismos toscos, vaidades pueris e gente sem percepção da realidade. E como se não bastasse a agonia diária de jornais e telejornais deste Agosto quente, ainda temos de levar com a dose costumeira de intriga palaciana em que anónimos e fontes próximas falam com considerável conhecimento e apurada satisfação, certamente um modo de entusiasmar cadáveres. Louve-se a paciência e a determinação. Por mim, quando não se faz parte de uma verdadeira solução, ou não se atrapalha ou só se contribui ainda mais para o problema. Em Janeiro se verá.
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