As sondagens são o que são e valem o que valem. Mas candeia que vai à frente alumia duas vezes.
Alguns líderes políticos europeus estão convencidos de que o Estado Islâmico se trava com bombas lançadas à distância, venham elas de aviões ou de drones. Isto é um engano que ou é auto-infligido, ou é ignorante ou é baseado na má-fé, ou é tudo ao mesmo tempo. Travar o Estado Islâmico exige, pelo contrário, homens no terreno e baixas (centenas? milhares?) que ninguém quer justificar. E exige também dinheiro e um exército digno de nome. Não adianta tapar o sol com a peneira: não se eliminam fanáticos com joguinhos de computador ou com palavras inflamadas.
Prémio "Compagnon de route": "Há um tempo para tudo. Neste momento, o que mais importa é que todos aqueles que se batem por uma alternativa política de mudança saibam que estou do seu lado. Ao lado do PS, ao lado de António Costa, pela vitória eleitoral.”, José Sócrates ao JN.
Com a campanha em ritmo de não-campanha, vêm ao de cima os subtis exemplos de prometer um mundo novo em cada esquina por onde se passe. Ontem, nos Açores, foi Costa que apresentou quatro diferenças relativamente à coligação, nenhuma verdadeiramente uma diferença. Podiam ser 6 ou 7, que ninguém notaria, porque o problema de Costa, e do PS por arrasto, é a recuperação anunciada do país e o facto de Passos dizer cada vez menos. De resto, o desespero da campanha socialista é um pouco isto: não saber o que dizer porque qualquer erro paga-se cada vez mais caro, porque não tem mesmo nada de novo para apresentar e porque tem um adversário inteligente. Daí este ritmo controlado, que é aliás comum aos principais contundentes. Passos e Portas pediram aos ministros para não cometerem erros, por exemplo. Costa já afastou um director de campanha, outro exemplo. E jornais e jornalistas procuram o caso e o casinho, preferindo o acessório ao essencial, em vários exemplos, como é o caso gritante do empolamento das presidenciais ou as questiúnculas com gente menor.
Esta vertigem mostrou-se também no primeiro debate destas legislativas. Bloco e PC tiveram uma conversa amigável (com o PS em pano de fundo), mostrando mais o que os aproxima do que aquilo que os distancia, que é como quem diz, nada. Esta meiguice instituída releva a indecorosa necessidade de que em campanha o mais importante é sobreviver, manter o lugar e fazer de conta que se existe. Mas apenas Jerónimo está confortável nas sondagens, porque Catarina está prestes a entrar em ebulição. No dia 5 de Outubro, o PC continuará provavelmente igual. O Bloco deixará de ter importância e a luta continuará. Mas até à véspera, é um duelo entre Passos e Costa. Mesmo que ambos dêem falta de comparência.
Digamos que 252 milhões de euros de prejuízo é uma soma simpática. E isto apenas no Banco “Bom”. Do Banco “Mau”, não há ainda sinal. Talvez seja melhor.
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