Agora que a bola se finou, os portugueses voltam ao seu quotidiano onde nada efectivamente mudou. Apenas, dizem, começou uma campanha para primeiro-ministro, onde há que destrinçar duas atitudes que deviam ser perfeitamente claras: as responsáveis e as irresponsáveis. Não sendo possível, ficamos com duas semanas em que o importante será sempre procurar a gaffe, a boca, o comentário menos abonatório, os beijinhos às peixeiras e os abraços aos agricultores. Por um voto se perde, por um voto se ganha. Mas as ideias, o sumo da questão, ficarão de fora a não ser que sejam incendiárias, polémicas e comunicacionalmente atraentes. Como poucos arriscam, a campanha tornar-se-á num mero matraquear de ideias balofas, muitas delas feitas e pouco originais, ou num pingue-pongue entre nulidades políticas. Se muitos portugueses continuam indecisos e com dúvidas a pouco menos de duas semanas do fim deste suplício, por certo a campanha não servirá para esclarecer estes portugueses porque o enredo, como está, só facilita o ruído e a vida daqueles que não se preocupam verdadeiramente com as coisas, nem em esclarecer coisa alguma. Na realidade, o grande risco que corremos, é conseguirmos ficar ainda pior do que estamos. O que não sendo despiciente, é insolitamente aterrador.
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