As medidas austeras para os próximos anos não auguram coisa boa para a depauperada economia portuguesa, sujeita a uma pressão externa sem precedentes e a variadas anomalias internas. Mas antes que se veja em Portugal uma nova Grécia, convém separar o trigo do joio e dizer que os portugueses não são iguais aos gregos e que estavam, e ainda bem, longe do regabofe instituído nas terras do nosso berço civilizacional. Há coisa de três anos, a Irlanda, outrora um suposto tigre asiático na Europa, anunciou medidas semelhantes, cortando na altura, por exemplo, 10% dos ordenados dos funcionários públicos, situação tida como inacreditável e contraproducente, mas necessária para conter um défice crónico. Três anos depois, a Irlanda apresta-se a regressar ao crescimento económico depois de corrigidos alguns dos seus defeitos de fabrico e em aparente harmonia social. Olhemos então para a Irlanda e não para a Grécia. Porque é melhor ver a esperança de um bom exemplo do que a desgraça de um péssimo.
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