A Grécia e a Itália têm novos governos. De tecnocratas porque os tempos não estão fáceis para políticos, pouco habituados à austeridade. Em Itália, por exemplo, saiu-se à rua e aplaudiu-se a saída de Berlusconi, um político fora do normal. Mas a alegria na rua é, afinal, demonstrativa dos tempos, porque os novos governos – quer o italiano, quer o grego – resultaram de pressionados acordos suprapartidários e não foram sufragados por eleições populares. O que se comemora afinal é uma espécie de fim da democracia e a emergência de uma nova era travestida de objectivos de absoluta necessidade. As pessoas ficaram do lado de fora nessa consulta e nesse arranjinho de poder. Porque festejam nas ruas é, então, um insondável mistério.