1- Quem assistiu à narrativa teve a plena convicção de que Sócrates estava muito bem preparado e que utilizou com mestria os seus principais argumentos.
2- Foi evidente que quem saiu da entrevista mais beliscado é a Procuradoria Geral da República, sob a figura de Joana Marques Vidal, por tudo o que Sócrates afirmou e confrontou. Convém referir, no entanto, que a entrevista praticamente não teve contraditório.
3- Já se percebeu que a acusação, depois de um início auspicioso, está a cometer erros que beneficiam o suposto infractor. Sócrates dedicou-se com afinco a desmontar as principais acusações de que é alvo e conseguiu, por essa forma, atingir os seus objectivos: gerar dúvidas razoáveis sob o processo, descredibilizar os actores do processo e colocar-se como potencial vítima de uma maquinação (ou de um “ódio pessoal”, como ele próprio afirmou) que não teve pudor em usar a própria família (“o meu filho e a minha ex-mulher”) para um ataque. Aliás, Sócrates “regressou” para se defender e para proteger a família.
4- Notou-se também que Sócrates esperava um apoio declarado do PS, e que fosse além das dezenas de figuras que o visitaram em Évora. Costa, talvez para contentá-lo, colocou socráticos em ministérios e em secretarias de estado, mas resta saber se isso será suficiente para Sócrates perdoar a desfeita.
5- O “animal feroz” é uma máquina de propaganda poderosa que no seu ambiente causa mossa, muita mossa. E saiu vencedor por KO nesta primeira parte da contenda (a segunda chega-nos hoje) em que se esperava mais luta do entrevistador e menos rédea solta do entrevistado.
6- Como ontem vaticinei, isto não vai dar em nada e as suspeitas não deixarão de ser isso mesmo: suspeitas que se lavarão com o sacudir de responsabilidades ou com mentiras vestidas de verdade. Que nos sirva pelo menos para pensar no regime que temos e na justiça que queremos.
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