Não satisfeito com a ribalta trazida pelas ideias abstrusas e rapidamente enterradas na Grécia, o Sr. Varoufakis pretende lançar o movimento “Democracia na Europa 2025” e, quiçá, ser candidato ao Parlamento Europeu em 2019. Na lista de subscritores do movimento não faltam dois dos habituais insuspeitos portugueses: o criador do Livre (lembram-se?) Rui Tavares e o inestimável Prof. Boaventura (que vem amiúde dar sinal de vida de Coimbra para o Mundo), dois sujeitos que vêem em todas as oportunidades, uma verdadeira oportunidade de assinar movimentos, manifestos e a papelada que lhes ponham à frente.
O que quer o Sr. Varoufakis (e os Profs. Tavares e Boaventura, por arrasto)? O Sr. Varoufakis quer o que toda a gente quer: que a vida seja fácil e que o dinheiro abunde por obra de um qualquer milagre que ele prefere não explicar. Ou por outra, que até explica embora sem grande sucesso, mesmo que em conferências pagas a peso de ouro onde ele perora sobre o estado do capitalismo que abomina mas que, com primor, lhe permite manter a vida faustosa que alimenta. O problema de fundo é, contudo, sempre o mesmo: nas ideias do novo movimento, essa vida fácil não é possível pela falta de democracia europeia (é verdade que há falta de democracia na Europa), graças ao neoliberalismo (esse papão) e fruto das directrizes alemãs (de que o Sr. Schauble é o testa-de-ferro). Na verdade, cinco minutos de conversa bastariam para ver os argumentos gastos, ainda que revestidos com nova designação. E agora que o Sr. Varoufakis vê a Europa igual aos anos 30 do século passado, isso demonstra que, ou ele conhece muito pouco da história, ou que a história já não se reconhece. Tanto faz.
Ainda assim, é maravilhoso ver o modo como a esquerda caviar, de cachecol Burberrys e sedenta de protagonismo fácil, continua a perorar sobre o mundo, como se o mundo fosse uma inesgotável fonte de experiências onde se aplicam os conceitos teóricos obtidos essencialmente nas universidades em projectos práticos transpostos para a vida real. Como muito bem sabemos o socialismo real não se recomenda e aí sim, a história que pelos vistos o Sr. Varoufakis só vê para um lado, está cheia de exemplos. De pouco adianta que os exemplos sejam sobre milhões de cadáveres de inocentes e que o socialismo não tenha produzido uma única boa ideia. Para a trupe que prepara o seu enésimo movimento, o paraíso deles é um miliagre já ali ao virar da esquina de 2025. O nosso calvário, se por um outro milagre depender destas mentes, também.
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