Pode parecer demagogia, pode parecer inveja ou pode ainda parecer qualquer outro sentimento dos feios, mas o que aqui está é o exemplo do que não deve ser o exemplo no Estado. A criação de infindáveis excepções às regras (não apenas estas, mas também nas que já antes existiam na TAP, na Caixa, no Banco de Portugal, por exemplo), e que deviam ser iguais para todos os funcionários públicos, é um problema que mina a credibilidade do Governo e as políticas que implementa ou que deseja implementar. O Governo, perante a situação social periclitante, que alimenta uma contestação que pode ficar descontrolada, não devia tratar diferente aquilo que é igual.
É, então, vendo a realidade, que as pessoas, interiormente, ruminam as perguntas: como se pode exigir que se acate a austeridade quando os exemplos sem austeridade se sucedem? Como se pode querer que se aceite de ânimo leve cortes e mais cortes quando os privilegiados abundam encostados ao poder? Eis o problema: as perguntas, mais do que genuínas e justificadas, geram respostas que não desejamos. Porque poder até se pode, mas isso fere, a cada dia que passa, a legitimidade necessária para aplicar aquilo que é essencial. E um governo ferido na sua legitimidade, é um governo ferido na sua governação.
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