No DN, o Dr. Gouveia garante sentir-se “apunhalado” por Coelho e pelo PND, devido a informações que ele entende como pouco correctas sobre a forma como ele pagou uma indemnização ao presidente do governo. Naturalmente que para João Carlos Gouveia, ex-líder socialista, não há inocências no meio deste processo. Diz ele que os informadores são internos, ou seja, de dentro do próprio PS, e que são exactamente os mesmos que lhe fizeram a vida negra e que agora “também querem correr com Jacinto Serrão da liderança.” Não quis identificar os culpados porque em política raramente há coragem para chamar os bois pelos nomes. Mas também em política, muitas vezes, para bom entendedor meia palavra basta.
O Dr. Escórcio diz que o PS precisa de mostrar serviço à população e que esse “serviço” passa por um programa de governo (quase pronto?) e pela apresentação de alguns rostos como “credibilidade política e notoriedade social” para o liderar. Entrementes fala da necessidade de “reflexão interna” e de “frontalidade externa” como saídas para o buraco onde anda o PS. É enternecedor ver como certas figuras se põem airosamente fora do barco que ajudaram a afundar, desviando as atenções para bem longe da sua acção política. Quem ouve o Dr. Escórcio quase esquece que ele é líder parlamentar.
Enquanto um estudo de opinião dá uma vitória esmagadora ao Prof. Cavaco à primeira, o Dr. Alegre avisa para as "sondagens estapafúrdias", o Dr. Nobre promete uns próximos dias "surpreendentes" e o Sr. Lopes diz-se o melhor colocado para passar à 2 volta mesmo não atingindo os 3,5% e mesmo parecendo não haver 2 volta possível. A política nacional é paranormal. Ou hilariante, se preferirem.
Só os fanáticos poderiam esperar alguma coisa esta época da equipa do Sporting. Basta olhar para aquele plantel para perceber que o Sporting não luta com as mesmas armas de Porto e Benfica porque investe menos de metade destes dois e, sendo assim, não tem qualquer hipótese de almejar mais qualquer coisa. Julgar que ia ser diferente demonstra inequivocamente um erro de análise ou uma fé a roçar o absurdo. O problema do Sporting é que deixou de ser um grande para passar a ser uma equipa um pouco acima da mediania ainda que capaz de ser bem melhor do que o Braga, o Guimarães, o Marítimo e, vá lá, o Paços de Ferreira. Só a direcção, o treinador, os jogadores e os adeptos é que ainda não perceberam isso. O futebol que aí vem só tem dois donos. E nenhum deles se chama Sporting.
Nota-se em alguns candidatos, um certo discurso moralista de tons insuportáveis. Parece que os “bons candidatos” a PR têm de ter sido perseguidos pela PIDE, têm de ter andado a alimentar crianças em África e têm de ter sido apelidados de grandes antifascistas. Seria hilariante, não fosse grotescamente triste. Mas quando as ideias se resumem a viver do passado em detrimento de olhar para o futuro, está tudo dito.
É curioso o aproveitamento generalizado sobre a figura de Mourinho. Quando ele treinava na aldeia era apelidado com nomes nada abonatórios, onde se incluíam boatos pouco recomendáveis. Mas depois de se fazer “melhor do mundo” à custa de variados trabalhos e títulos, a onda patriótica costumeira tomou forma e ele lá ganhou o seu lugar de destaque. Mas não deixa de ser intrigante que os portugueses, os portugueses bons, se vejam teimosamente obrigados a emigrar para obter reconhecimento, ao mesmo tempo que não deixa também de ser intrigante que a inveja e a hipocrisia, andem continuamente de mãos dadas por este país como se nós nada tivéssemos que ver com esse assunto.
O Dr. PPC deu uma extensa entrevista ao DN de ontem onde se mostrou sereno e preparado para o que aí vier. Pelo meio, ficou a sugestão venenosa: se o FMI entrar em Portugal, como parece cada vez mais provável, o primeiro-ministro não tem condições para continuar. Mal ouviu a diatribe, o Dr. Portas, talvez ciumento, veio logo dizer que concorda com a ideia mas que ela tem direitos de autor, situados algures em Novembro do ano passado em plena AR, se não estou em erro.
Direitos de autor à parte há aqui, de ambos os lados, um evidente erro de avaliação, porque a entrada do FMI em Portugal não representa, em tempo algum, a remoção pacífica do Eng. (?) do nosso descontentamento da liderança dos nossos destinos. E isto por três razões. Uma primeira que tem a ver com a necessidade de existir precisamente estabilidade, uma vez que o FMI só entrará no país debaixo de um enorme consenso nacional. Uma segunda, que se prende com a maioria de esquerda existente actualmente na AR – não se vislumbra como é que o Sr. Jerónimo do PC e o Dr. Louçã do BE ajudariam a provocar eleições para colocar lá a “direita” e os seus inimigos de estimação. O que sobra – a saída voluntária do Eng. (?) –, resume-se a nada ou a uma impossibilidade sibilina como todos nós muito bem sabemos.
O Dr. Alegre, em claro desespero, não larga o problema BPN atirando-o contra o Prof. Cavaco. Esta súbita vontade resume bem os seus objectivos práticos: chegar a PR a qualquer preço através da política rasteira, escondendo a sua total ausência de ideias, ao mesmo tempo que se passeia inchado, rodeado de saudosistas do passado e de gente pouco recomendável, como aquele moralista insuportável de nome Louçã.
Entretanto o Dr. Marques Mendes, muito acutilante nos últimos tempos, desmontou o argumentário idiota do Dr. Alegre colocando-o no devido lugar: o balde de lixo de onde, aliás, nunca devia ter saído. A campanha continua nestes moldes no domínio de uma realidade paralela, estranhando-se que quem mais pudesse lucrar com a discussão prática dos imensos problemas que afectam Portugal e os portugueses, siga um plano audacioso rumo a uma triste e evidente ruína.
Mas nem tudo pode ser mau. Na verdade, a 23 de Janeiro pelas 19h01 (hora dos Açores) o Dr. Alegre estará morto politicamente e desaparecerá do império mediático que o alimenta, ficando com mais tempo, certamente, para se dedicar à prosa sortida e variada sobre os caninos ou a deambular sobre a guerra colonial, por exemplo. O que por si só deverá fazer toda a gente suspirar de alívio. E, já agora, dar um merecido descanso à minha paciência. Paz à sua alma.
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