Sócrates foi mais assertivo na segunda-feira. Diria mesmo, contundente porque estava manifestamente bem preparado. Ontem foi menos reservado, mais emotivo e, por isso mesmo, menos capaz de controlar racionalmente a sua narrativa. Este intimismo revelou um espírito de acossado centrado no seu maior defeito: um ego desmesurado que não consegue esclarecer, antes confundir. Para ele, a cabala é uma constante permanente em que o cosmos e as forças do homem e da natureza (presumo que os elementos também sejam da “direita”) conspiram para deitar abaixo o seu mundo, as suas convicções e arrasar tudo aquilo que lhe é próximo com intuitos que não são obscuros, pelo contrário, são perfeitamente claros: derrubar o Partido Socialista e por essa via elevá-lo a vítima de um processo político.
A minha perspectiva sobre o assunto não mudou, mas aquilo que antevejo como corolário, o fim último em que tudo isto vai resultar, também não. E, hoje, como rescaldo, julgo que poucos mudaram de opinião sobre a personagem e o processo: quem o julga culpado, mantém o veredicto; quem o tem como inocente, mantém a sua defesa.
A entrevista, então, baralhou para deixar tudo praticamente na mesma: Sócrates adiantou-se no marcador na primeira parte, mas deixou-se igualar na segunda. No deve e no haver, não me parece que empatar a jogar em “casa” seja coisa que lhe convenha.
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