Uma metáfora, desastrada, soltada pelo meio de uma entrevista a Djisselbloem, líder do Eurogrupo, incendiou os ânimos, fez soltar os cães e apelou à utilização de figuras de estilo alternativas por parte do indígena.
O Dr. César, líder da bancada socialista e baluarte da boa educação na AR, optou pela antonomásia ao afirmar que “é o tipo de criatura que não faz falta na União Europeia”.
Um tal de Duarte Marques, conhecido mais pelo dislate do que pela seriedade, seguiu a via da prosopopeia porque para ele “este socialista holandês é um atrasado mental”.
Sérgio Sousa Pinto, deputado do PS, foi um pouco mais longe e escolheu uma perífrase já que Djisselbloem não passa de “[…] um sobrevivente sem escrúpulos, [que] decidiu acicatar o pior da Holanda, vestiu uma camisa castanha e deu largas à xenofobia como se estivesse em cima de uma cervejaria bávara” acrescentando que o holandês é um “Djosselcoiso, pseudo-socialista e lacaio internacional”.
E o Bloco, esse mar de virtudes e de gente séria que nunca perde uma oportunidade para aproximar o fascismo das palavras, também atirou uma anáfora e considerou as “declarações absolutamente xenófobas, racistas, sexistas, preconceituosas […]”.
Vale que o nosso ministro dos Negócios Estrangeiros, conhecido por comparar a concertação social a uma feira do gado (uma metáfora, convém relembrar), foi mais comedido e imaginativo.
Para Augusto Santos Silva “o presidente do Eurogrupo continua passados estes anos todos sem compreender o que verdadeiramente se passou. […] O que aconteceu foi que nós, como outros países vulneráveis, sofremos os efeitos negativos da maior crise mundial desde os tempos da grande depressão e as consequências da Europa e a sua união económica e monetária não estar suficientemente habilitada com os instrumentos que nos permitissem responder a todos os choques que enfrentamos”. Eis como um eufemismo explica tão bem aquilo que verdadeiramente aconteceu.
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