Marcelo, o Príncipe do Povo de acordo com o Expresso, não sabe se se recandidata em 2021. Decidiu guardar a resposta para 2020, como se alguém acreditasse na sua falta de vontade depois de lhe tomar o gosto e o jeito para interferir em tudo, incluindo numa associação de condomínio que não funciona em Odivelas e no inadmissível desplante da Dra. Teodora Cardoso, mulher com toda a certeza alienada da realidade. O presidente, perdão, o príncipe do povo e dos afectos julga, assim, estar a criar um tabu de enorme ansiedade na pátria. Talvez esteja certo.
O filme em exibição exige mestria e a presunção de que os actores e restantes figurantes cumprem e obedecem ao guião que traz insultos, erros de português e mentiras gloriosas numa casa da democracia transformada em cortejo de entulho. E enquanto o Trio Odemira (Costa, Catarina e Jerónimo) actua e o príncipe (Marcelo) dirige – por entre selfies, beijinhos e abraços de circunstância –, o público, embevecido, ri ou chora conforme as orientações do Sr. Galamba do twitter, da D. Mariana das gémeas e de um tal Tiago do PCP, especialista em artes marciais e em ameaças subliminares à mesma Dra. Teodora que vem no primeiro parágrafo desta história. É por isso que o filme não pode parar: a direita é a má da fita e a esquerda é a heroína (no seu duplo sentido) da história (no seu duplo sentido). Por entre uma dose e outra, perdão, por entre uma cena e outra, as incertezas tornam-se certezas, as mentiras tornam-se verdades, o azedo torna-se doce, a ficção torna-se realidade, a D. Isabel Moreira faz mais uma tatuagem e o Prof. Louçã chega de fato e gravata ao Banco de Portugal. Pena o argumento pouco original: não é a primeira vez que uma comédia se transforma em tragédia, que a festa acaba numa conta de dezenas de milhar de milhões de euros por pagar ou que o Sr. Tiago, do segundo parágrafo desta história, espuma pela boca. Aliás, avaliando a nossa insidiosa atracção pelo abismo, nenhuma delas será a última.
Blogues Madeirenses