Quarta-feira, 10 de Fevereiro de 2016

dormiveglia.pngNão satisfeito com a ribalta trazida pelas ideias abstrusas e rapidamente enterradas na Grécia, o Sr. Varoufakis pretende lançar o movimento “Democracia na Europa 2025” e, quiçá, ser candidato ao Parlamento Europeu em 2019. Na lista de subscritores do movimento não faltam dois dos habituais insuspeitos portugueses: o criador do Livre (lembram-se?) Rui Tavares e o inestimável Prof. Boaventura (que vem amiúde dar sinal de vida de Coimbra para o Mundo), dois sujeitos que vêem em todas as oportunidades, uma verdadeira oportunidade de assinar movimentos, manifestos e a papelada que lhes ponham à frente.

O que quer o Sr. Varoufakis (e os Profs. Tavares e Boaventura, por arrasto)? O Sr. Varoufakis quer o que toda a gente quer: que a vida seja fácil e que o dinheiro abunde por obra de um qualquer milagre que ele prefere não explicar. Ou por outra, que até explica embora sem grande sucesso, mesmo que em conferências pagas a peso de ouro onde ele perora sobre o estado do capitalismo que abomina mas que, com primor, lhe permite manter a vida faustosa que alimenta. O problema de fundo é, contudo, sempre o mesmo: nas ideias do novo movimento, essa vida fácil não é possível pela falta de democracia europeia (é verdade que há falta de democracia na Europa), graças ao neoliberalismo (esse papão) e fruto das directrizes alemãs (de que o Sr. Schauble é o testa-de-ferro). Na verdade, cinco minutos de conversa bastariam para ver os argumentos gastos, ainda que revestidos com nova designação. E agora que o Sr. Varoufakis vê a Europa igual aos anos 30 do século passado, isso demonstra que, ou ele conhece muito pouco da história, ou que a história já não se reconhece. Tanto faz.

Ainda assim, é maravilhoso ver o modo como a esquerda caviar, de cachecol Burberrys e sedenta de protagonismo fácil, continua a perorar sobre o mundo, como se o mundo fosse uma inesgotável fonte de experiências onde se aplicam os conceitos teóricos obtidos essencialmente nas universidades em projectos práticos transpostos para a vida real. Como muito bem sabemos o socialismo real não se recomenda e aí sim, a história que pelos vistos o Sr. Varoufakis só vê para um lado, está cheia de exemplos. De pouco adianta que os exemplos sejam sobre milhões de cadáveres de inocentes e que o socialismo não tenha produzido uma única boa ideia. Para a trupe que prepara o seu enésimo movimento, o paraíso deles é um miliagre já ali ao virar da esquina de 2025. O nosso calvário, se por um outro milagre depender destas mentes, também.



publicado por Bruno Miguel Macedo às 12:41 | link do post | comentar

Publius Cornelius Tacitus
To ravage, to slaughter, to usurp under false titles, they call empire; and where they made a desert, they call it peace.
Outubro 2017
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6
7

8
9
10
11
12
13
14

15
17
18
19
20
21

22
23
24
25
26
27
28

29
30
31


posts recentes

Os incêndios que matam pe...

A síndrome socialista

Soltar os cães

Um argumento

Regressando

Um papel

A cartilha

Prometeu

Um ou dois milagres

Uma nomeação

arquivos

Outubro 2017

Junho 2017

Março 2017

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Maio 2015

Abril 2015

Setembro 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

tags

anáfora

antonomásia

benevolentes

blanchett

bloco

cate

charme

dench

djisselbloem

eufemismo

eurogrupo

guerra

gwyneth

helen

jonathan

judi

littell

metáfora

mirren

paltrow

perífrase

porto

prosopeia

renda

sela

socialismo

twitter

ward

todas as tags

links
blogs SAPO
subscrever feeds