O Dr. Costa decidiu promover uma série de vídeos onde quer mostrar as virtudes do seu/nosso orçamento. A coisa é curiosa e, ao mesmo tempo, sublime. Por dois motivos principais, ainda que antagónicos.
Por um lado, o exercício é pura propaganda, sem tirar nem pôr, sobre um documento que sabemos não ir chegar ao fim sem remodelação profunda, e daí a curiosidade em conhecer o modo como se tenta justificar um aumento de impostos como uma baixa de impostos ou o fim da austeridade com mais austeridade. Os argumentos não são bons, mas são originais, e aí não há desilusão.
Por um outro lado, o Dr. Costa olha, enquanto fala, não para nós, mas para o papel que lhe puseram ao lado da câmara e que religiosamente tem de ler sem se enganar. Este exercício é sublime e prova, primeiro, que o Dr. Costa sabe seguir um guião e, segundo, que sabe seguir um guião sem se engasgar. Porém, em certos momentos do suplício ficamos na dúvida se o primeiro-ministro acredita no papel (em sentido figurado) que representa e no papel (em sentido literal) que tem à frente. Eu acho que ele não acredita nem numa coisa nem noutra. Mas não tenho a certeza.
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